No finalzinho do inverno, já com temperatura de verão, 55 motoristas e quinze motociclistas que passaram pelo quilômetro 74 da rodovia BR-116, na altura do bairro de Três Córregos, em Teresópolis, só sentiram mesmo o calor humano. Para celebrar a Semana Nacional de Trânsito, a Coordenadoria de Ação para o Trânsito do Detran.RJ, em parceria com a Operação Lei Seca, a Concessionária EcoRioMinas e a Polícia Rodoviária Federal, realizou a “Operação Educação no Trânsito”, uma blitz educativa. O evento, um alerta para a população sobre os altos índices de acidentes nas estradas, teve aliados, eficientes como sempre: óculos que simulam o estado de um motorista depois de consumir álcool e drogas ilícitas.
Na abordagem, os agentes ressaltaram a importância de escolhas seguras no trânsito, nunca deixando de cumprir as regras. “Reforçamos aos motoristas que eles devem sempre orientar quem os acompanha para usar o cinto de segurança no banco de trás. Essa regra, infelizmente, ainda não pegou”, lamentou Gisele Mendes, agente de Educação do Detran.RJ. “Mas quem passou por aqui entendeu a mensagem”.
O administrador aposentado Nilton Alberto, de 70 anos, sorria depois de fazer o teste. Estava feliz com a experiência. “Fiquei completamente anestesiado. Você, quando fica bêbado, perde o controle de tudo”, se surpreendeu. “Beber a dirigir realmente não combina com nada”. O aposentado Paulo Falcão, de 65 anos, que dirige há pelo menos quatro décadas, se orgulha de nunca ter sofrido uma multa. E diz que pretende seguir as regras depois do teste. “Foi uma péssima sensação. Fiz o circuito dos cones praticamente cego, Realmente um perigo”, se espantou.
“Acidentes mais fatais são provocados por quem não usa cinto de segurança no banco de trás”, alerta Raquel
A motociclista Teresa Raquel Taveira, de 38 anos, saiu do teste impressionada. “Derrubei dois cones, ou seja, causei dois acidentes”. Administradora, arriscou uma receita para a segurança nas estradas. “É fundamental que você descanse de 10 a 30 minutos numa viagem”. Raquel dá um recado para quem usa carro. “A gente é responsável pelas nossas vidas e pela vida dos outros”. E reforça a mensagem do Detran.RJ. “Nos acidentes os casos mais fatais são provocados por quem não usa o cinto de segurança no banco de trás”.
“Em empresas multinacionais, éramos obrigados a fazer exames de direção defensiva”, diz Born
Prevenção contra acidentes de trânsito não é novidade para Heraldo Born. ”Uso cinto desde sempre, desde a época em que não era obrigatório. Não imaginava o que sentiria antes de colocar os óculos. Como pude ficar tão desequilibrado?”, se espantou. Aos 72 anos, o engenheiro Born saiu feliz do teste e aponta um caminho. “Trabalhei em empresas multinacionais. Lá éramos obrigados a fazer exames anuais de direção defensiva.”
“Quem vive a rotina do SUS, sabe da importância dessas ações”, reforça Cristina
A médica Cristina Guimarães Heringer, 38 anos, ainda tinha muita estrada a encarar. Estava com pouco tempo, mas fez questão de participar do teste. “É uma campanha que sempre tem que haver. Eu, que vivo a rotina do SUS, sei da importância dessas ações”, reforçou. E se despediu com bom humor. “Se quiser beber, que seja um café”, deu a receita.
“Não dá pra deixar de usar o cinto no banco traseiro”, aconselha IIze.
Com as mãos para o alto, como se estivesse rezando, a professora Ilze Santana, de 60 anos, cumpriu o circuito com muita dificuldade. “Não estou enxergando nada!”, alertava, rindo para a agente. Depois do teste, se espantou com o resultado. “Fiz de uma forma muito intuitiva. É assustador como não se enxerga nada”, disse. Ilze lembrou que o motorista deve garantir a sua segurança e de quem o acompanha. “Não dá pra deixar de usar o cinto no banco traseiro”.
“Nunca bebi na vida, mas paguei pelo erro de quem bebeu”, diz Silva
Depois dos testes no Detran.RJ, os motoristas ouviram histórias e alertas dos agentes de Educação da Operação Lei Seca. “Nunca bebi na vida, mas paguei pelo erro de estar no carro de um motorista que tinha bebido”, disse Orlando da Silva, de 49 anos, que se acidentou em 2012. Oito anos antes, seu colega Marcelo Santos viu o destino mudar. Voltando de moto da Região dos Lagos, flagrou um carro em zigue-zague. Acelerou para socorrer o motorista, imaginando que ele estivesse desmaiado. Ao se aproximar, foi atingido com violência. Ficou paraplégico. “Não foi acidente. Acidente você não pode prever. O cara que bebe sabe que pode aconteceu alguma coisa muito ruim. Se não acontece, é exceção”, alerta. Aldo Torres, chefe de Orlando e Marcelo, lembrou da ótima interação com o Detran. RJ. “Tem que haver ainda mais”, torce.
“Todos nós somos atores na realidade das estradas”, ressalta Santos Silva
Alehandro dos Santos Silva, coordenador de Tráfego da Concessionária EcoRioMinas, parceiro constante, ressaltou a importância de conscientizar a população. “Todos nós somos atores. Motoristas, motociclistas, caminhoneiros, pedestres. Temos que nos conscientizar para a realidade das estradas”. Ricardo Alves, agente da Polícia Rodoviária Federal, lembrou de um dado importante. “O comportamento dos motoristas é o principal fator nos acidentes. A atitude deles é fundamental para que os índices de violência diminuam”, encerrou.
Motoristas e motociclistas seguiram viagem com um lanche e o Código de Trânsito Brasileiro na bagagem.